Já vou avisando que a crítica tem uns spoilers básicos, nada que comprometa a surpresa.
Logo no começo do longa percebe-se o empenho de roteirista e diretor de passar o clima tenso pré-guerra para o espectador. O ministro fala do que ocorre, o trio principal prepara-se para o que virá, seja o que for. E devo dizer que este clima realmente foi passado, até com um bom toque de emoção.
A atuação de Bill Nighy é a única que não pode ser chamada de boa ou excelente. Seu Ministro parece forçado, e não chega a convencer. Em contrapartida, o destaque vai para o trio principal, Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, que deram um show de atuação. Conseguiram passar os sentimentos (tão presentes neste capítulo da saga) para o telespectador, o que nos leva a acreditar que aquilo realmente está acontecendo. E toda essa atuação é acentuada com o resto do elenco, com uma certa ênfase à Andy Linden como Mundungo Fletcher.
Se torna mais que óbvio o clima sombrio que a saga adquiriu ao longo dos anos, porém neste penúltimo longa o “sombrio” alcança proporções imensas comparado ao seu antecessor, Harry Potter e o Enigma do Príncipe. O roteiro é muito bem adaptado por Steve Kloves, apenas com cortes necessários, e acréscimos que, pode-se dizer, formam um “fan-service”. Ele e Yates formaram uma química nos últimos dois longas, e a terceira parceria dos dois é espetacular.
As várias partes lentas não chegam a ser cansativas devido ao clima tenso: um alívio nesse clima aqui e ali é muito bem vindo, ainda mais quando não é tão repetitivo. As poucas cenas de ação não deixam a desejar: muito bem feitas, mesmo com a pós-produção feita meio que apressadamente.
Por falar nisso, a equipe de produção também está de parabéns. A fotografia de Eduardo Serra está digna de um Oscar, e os efeitos estão fabulosos, trazendo uma certa magia obscura para a tela. O único que parece que se desviou um pouco do propósito do filme (trazer aos fans o que eles querem ver) foi Alexandre Desplat, com uma trilha sonora que funciona, mas não traz quase nada das clássicas de John Williams. E não chega a empolgar com maestria, apenas parece estar ali como um apoio. E ainda decepcionou muito em uma das cenas finais, muito triste (quem assistiu sabe do que estou falando), onde faltou a emoção que provém da música (que na hora foi muito fraca).
O problema talvez tenha sido a falta de iniciação de vários aspectos, como os da varinha de Harry, do qual ele nem parece se dar conta de que ela agiu sozinha, um fato importante para a parte 2. Várias coisas parecem, vendo a primeira parte, um erro, sendo que apenas foram empurradas para a segunda parte. A falta da ênfase pode deixar várias pessoas que não leram o livro com um sinal interrogativo na cabeça.
Agora, como fã, tenho de dizer que achei perfeito. Muito emocionante, principalmente para aqueles que seguiram o antigo bruxinho desde a infância. O que me decepcionou um pouco foi o fato da morte de Edwiges passar tão batida (embora sua morte tenha superado a do livro, com ela salvando o antigo dono), como se Harry nem houvesse sofrido por ela ou até pelo Olho-Tonto. E também, como me lembrou Valdir agora a pouco, a frase no túmulo de Dobby, "Aqui jaz um elfo livre", tinha de estar no filme, para um pouco mais de emoção.
Todavia, Harry Potter e as Relíquias da Morte – parte 1 faz muito bem o seu trabalho, e que agora venha o sucesso das bilheterias tão merecido.
NOTA: 9,5
O Ronny trabalhando bem?? Essa eu quer ver!
ResponderExcluir